BRÁS CUBAS

 



Brás Cubas

                                                             
UNEB-UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLOGIAS - DCHT
CAMPUS XVI-IRECÊ-BA
DISCIPLINA-PRÁTICA PEDAGÓGICA I
DOCENTE-KÁTIA LEITE
DISCENTES-EDEVALDO LIMA;
                       GILIARDO LIMA;
                       LEANDRO MATOS;
                       TAÍS FERNANDES;
                       TARLEY JARBAS.  

Memórias Póstumas de Brás Cubas
Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Morro do Livramento,  no Rio de Janeiro, em 1939, e morreu na mesma cidade, em 1908. Filho de um pintor mulato e de uma lavadeira portuguesa, não chegou a realizar seus estudos regulares. Trabalhou como tipógrafo e revisor, tornando-se mais tarde intenso colaborador na imprensa da época. Casou-se em 1869 com Carolina Augusta Xavier de Novais, companheira que muito o ajudou na carreira literária.
Juntamente com Joaquim Nabuco, fundou a Academia Brasileira de Letras, em 1897, tendo sido eleito unanimemente como seu primeiro presidente.
    Machado de Assis não é um escritor: é um grande escritor. De origem humilde, órfão desde cedo, gago e epiléptico, funcionário público, tímido e reservado, modelo de autodidata, transformou-se no melhor prosador de nossas letras. Sua obra não cabe na classificação de uma escola ou no estreito compartimento de um gênero. Ele é universal.

n      Como ficcionista, teve duas fases: antes de 1881 – fase romântica – e, depois, fase realista.
n      Fase romântica: a partir dos primeiros escritos (1855) ao romanceIaiá Garcia (1878), Machado de Assis está mais ligado ao romantismo, mas sem exageros sentimentais. Já apresentava características próprias: análise psicológica das personagens, humor malicioso e cuidado da forma.
n      Fase realista: com Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), ele abre o ciclo de romances realistas que o consagrariam em definitivo. Os seus últimos 5 romances, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires,apresentam como características: descrição interior das personagens (romance psicológico); pessimismo e amargura constantes; ironia e humor agudos; procura obsessiva de significado existencial.

n      RomanceRessurreição (1872); A mão e a luva (1874); Helena (1876); Iaiá Garcia (1878); Memórias póstumas de Brás Cubas (1881); Quincas Borba (1891); Dom casmurro (1900); Esaú e Jacó (1904); Memorial de Aires (1908).
n      Conto: Contos fluminenses (1870); Histórias da meia-noite (1873); Papéis avulsos (1882); Histórias sem data (1884); Várias histórias (1896); Páginas recolhidas (1899); Relíquias de casa velha (1906).
n      Crônica: A semana (1914).
n      Poesia: Crisálidas (1864); Falenas (1870); Americanas (1875); Ocidentais (1901); Poesias completas (1901).
n      Teatro: Desencanto (1861); Queda que as mulheres têm pelos tolos (1861); O caminho da porta (1863); O protocolo (1863); Quase ministro (1864); Uma ode a Anacreonte (1870).
n      Crítica: Crítica (1910).
O Realismo Psicológico de Machado de Assis
Maior escritor em prosa da Literatura brasileira. Destrói ilusões e pieguices românticas.

Características:
n      Enredo não-linear;
n      Metalinguagem;
n      Análise psicanalítica e psicológica;
n      Humor sutil e permanente;
n      Ironia fina e corrosiva;
n      Pessimismo quanto aos valores humanos.

Memórias Póstumas de Brás Cubas
Dedicatória em forma de epitáfio:
“ Ao verme
que primeiro roeu as frias carnes
de meu cadáver
Dedico
Como saudosa lembrança
Estas
Memórias póstumas.”

Publicado em 1881, Memórias Póstumas de Brás Cubas, além de inaugurar o Realismo brasileiro, apresenta as mais radicais experimentações na prosa do país até então. Narrado por um defunto, de forma digressiva e agressiva, o romance apresenta a vida inútil e desperdiçada do anti-herói Brás Cubas. Utilizando recursos narrativos e gráficos inusitados.
Machado surpreende a cada página com sua ironia cortante e, acima de tudo, com a inteligência  que prende até o leitor mais desconfiado. Antecipando procedimentos modernistas e descobertas da psicanálise, esta obra ácida e irônica de Machado de Assis eleva a literatura brasileira a um patamar jamais antes atingido.

O seu enfoque central não é a vida social ou a descrição das paisagens, mas a forma como seus personagens vêem e sentem as circunstâncias em que vivem. Em vez de enfatizar os espaços externos, investe na caracterização interior dos personagens, com suas contradições e problemáticas existenciais.
O romance tem uma perspectiva deslocada: é narrado por um defunto, que reconta a própria vida, do fim para o começo, num relato marcado pela franqueza e isenção. "Falo sem temer mais nada", diz o morto.
As inovações de Machado de Assis:
Escritor dedicado à problematização e ao questionamento da função da Literatura, Machado de Assis inova nesta obra quanto à temática, à estrutura e à linguagem.

Intertextualidade:
O personagem Quincas Borba é importante porque introduz Brás Cubas na teoria que inventou, o Humanitismo. Na verdade, a teoria é uma caricatura do positivismo e do evolucionismo, teorias científicas e filosóficas em voga na época que atribuem sentido de evolução mesmo às fatalidades da vida.

Temática psicológica:
Na temática, investe na complexidade dos indivíduos, que retrata sem nenhuma idealização romântica:

“(...) Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis (...)”

Enredo não-linear:
A estrutura tem uma lógica narrativa surpreendente e inovadora. A sequência do livro não é determinada pela cronologia dos fatos, mas pelo encadeamento das reflexões do personagem.

Metalinguagem:
Nas primeiras páginas, Machado de Assis, por intermédio do seu narrador, se dirige diretamente ao leitor para comentar o livro. Diz Brás Cubas:

“Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcer-me o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá iremos. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros leitores, seus confrades, e acho que faz muito bem”.

O leitor de Machado é constantemente solicitado a interagir criticamente com a obra, distanciando-se ainda mais do modelo de leitura proposto pelos romances românticos, que mobilizam a emoção e a imaginação.

O personagem
Brás Cubas
Típico burguês da segunda metade do século XIX. Encarna o homem que passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva.
Envolve-se com uma prostituta de luxo, a espanhola Marcela, que o amou“por quinze meses e onze contos de réis”.
O pai o manda para Portugal, onde torna-se, de forma medíocre, um doutor, volta à pátria devido à doença da mãe.
Capítulo tocante quanto à reflexão que o mesmo faz sobre a lógica da vida.
Conhece Eugênia, com quem tem um leve enlace amoroso sem ir adiante devido às barreiras sociais: a moça é bastarda, pobre e coxa.
O pai de Brás o apresenta à Virgília, filha do influente Conselheiro Dutra, mostrando o desespero humano por brilho social.  Mais uma vez o protagonista fracassa e perde a noiva para Lobo Neves. Porém tempos depois se estabelece um triângulo amoroso.
Para evitar a vergonha de um escândalo, sua irmã o apresenta para Eulália, jovem vinda dos “novos-ricos”, abordando o matrimônio como escalada social. Ficam noivos após a viagem de Virgília, mas a jovem morre repentinamente antes do casamento.
A partir daí, acelera-se o fim das memórias. Brás entra para a política, porém mais uma vez tem o desempenho de anti-herói medíocre. Reencontra Quincas Borba com sua teoria do Humanitismo. Quincas enlouquece e Brás vai se dedicar a sua nova idéia fixa: a criação de um emplastro que eliminaria o sofrimento da humanidade.
Idéia aparentemente altruísta, porém nada mais era do que um pensamento egoísta de ter seu nome “gravado” na civilização, pois intitulou a invenção de:Emplastro Brás Cubas.
A obsessão pelo invento faz com que Brás não dê atenção a um resfriado que transforma-se numa pneumonia, levando-o às portas da morte. Virgília reaparece, mas o doente entra em delírio. Agüenta mais alguns dias, convive um pouco mais com Virgília, logo depois morre e dá lugar ao narrador defunto.
Essa obra não se restringe ao mundo carioca, nem tampouco ao século XIX. É uma crítica aguda a uma sociedade dicotômica, fútil, superficial e preconceituosa, o que faz de Memórias Póstumas de Brás Cubas um monumento da Literatura Brasileira; uma profunda e atual análise da condição humana.

“Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplastro, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar pão com o suor de meu rosto. (…) Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida.
E imaginará mal; porque ao chegar este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulos de negativas: - Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

    n    ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas :São Paulo: Martin Claret, 2003.
 n BENEMANN, Jacó Milton. Estudos dirigidos de português: língua e literatura: 2º grau/ CADORE, Luís Agostinho- São Paulo: Ática, 1984;
 n      INTERNET: Google;

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